domingo, 26 de setembro de 2010

No fundo, essa é a verdade: me sinto só. Talvez seja essa a causa dos meus males. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão. Podia ter dado certo entre a gente, ou não, eu nem sei o que é dar certo, Daqui a pouco eu nem vou mais estar nas coisas que você vê, serei apenas passado e o fato de ser passado lhe trará até um certo alívio. Serei apenas uma fruta mordida apodrecendo num canto do quarto.
Viver agora, tarefa dura. cada dia arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria, em cada noite descobrir um motivo razoável para acordar pela manhã, eu sempre digo que posso ter uma solidão medonha, mas sempre vai haver um vasinho de flor num canto. A gente pode enfeitar a amargura, mesmo que com a faca da nostalgia cravada fundo no peito.
Mas sabe que ultimamente eu tenho achado, aqui dentro de mim, em silêncio, que nem gosto mais muito de viver.
Não, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme. só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: " meu Deus, mas como você me dói de vez em quando.. "

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências (...) Mas o que me doía, agora, era um passado próximo. Não conseguia compreender como conseguira penetrar naquilo sem ter consciência e sem o menor policiamento: eu, que confiava nos meus processos, e que dizia sempre saber de tudo quanto fazia ou dizia. A vida era lenta e eu podia comandá-la. Essa crença fácil tinha me alimentado até o momento em que, deitado ali, no meio da manhã sem sol (...) Seria sem sentido chorar, então chorei enquanto a chuva caía porque estava tão sozinho que o melhor a ser feito era qualquer coisa sem sentido. Durante algum tempo fiz coisas antigas como chorar e sentir saudade da maneira mais humana possível: fiz coisas antigas e humanas como se elas me solucionassem. Não solucionaram.

( Caio F. Abreu )

sábado, 18 de setembro de 2010

Acho que sou bastante forte para sair de toda essa situação em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraca para entrar. Penso, que nosso " relacionamento " sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero sem injusta nem nada, apenas me ferem muito esses seus silêncios. A impressão que eu tenho é que não vai passar , pelo menos não tão cedo, parece que a cicatriz não fecha, que só de esbarrar, sangra.
Soa até clichê dizer, mas lembro-me de você com a mesma frequência com que respiro. aqueles dias ainda estão gravados em mim de uma meneira que nem eu mesma consigo explicar. Me dá uma saudade irracional de você, desse riso que é a luz da minha vida, Será que daria pra você voltar e me mostrar que a vida não é só aflição ? Foi tudo se acabando tão assim, Sem um Porque no mínimo convincente. Nunca mais dissemos nada um ao outro, mas também nem havia nada pra ser dito. Ou havia ? Nem eu sei responder as minhas perguntas, mas no fundo, é possível que sempre restem algumas coisas pra serem ditas. Mas que ninguém diz, por não se saber como dizer e como serão ouvidas. Ah, eu quis tanto ser a tua paz, assim como você foi a minha. Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas saiba, o que tinha, era seu. Bastava que você me perguntasse se nosso amor poderia fazer milagres, para que eu lhe respondesse " Nosso amor pode fazer tudo que quizermos. " Bastava uma palavra, um gesto, seu ou meu pra modificar nossos roteiros. O que vinha me mantendo de pé até hoje era a ilusão, ou a esperança calejada dessa coisa chamada Amor, e de repente me proibem isso. Eu tenho me sentido muito mal, vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida. Apesar de tudo, ainda penso que quando não se tem amor : Ainda restam as estradas. Quando tudo parece sem saída ainda se pode cantar, e é por isso que escrevo, pra ouvir o que minha alma ainda tem de bom.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Mas tudo está bem agora, eu digo: Agora. Depois de contratempos desagráveis eu me sinto bem mais leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases, livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!
( Caio F. de Abreu )
Mais Clarice Lispector....

" Desculpai-me mas vou continuar a falar de mim que sou meu desconhecido, e ao escrever me surpreendo um pouco pois descobri que tenho um destino. Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa? "

" Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui."


" É preciso saber sentir, mas também saber como deixar de sentir, porque se a experiência é sublime pode tornar-se igualmente perigosa. Aprenda a encantar e a desencantar. Observe, estou lhe ensinando qualquer coisa de precioso: a mágica oposta ao ‘abra-te, Sésamo’. Para que um sentimento perca o perfume e deixe de intoxicar-nos, nada há de melhor do que expô-lo ao sol. "

domingo, 12 de setembro de 2010

“Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Rifa-se um coração que, na realidade, está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um coração inconseqüente e precipitado, que diante de um sorriso mais malicioso já está apaixonado. Rifa-se um coração que nunca aprende. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de paixões. Sai do sério e, às vezes, revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro, que tenha um pouco mais de juízo.”
( Clarice Lispector )
"eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "eu te odeio", disse muito apressada. eu te amo, disse ela então com ódio para o homem cujo grande crime impunível era o de não querê-la. eu te odeio, disse implorando amor. ( Clarice Lipsector )

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Prometi não chorar, mas acabei faltando com a minha palavra. Chamem-me de fraca, não me importo, não mais. Coloquei uma máscara perante os últimos acontecimentos e assumi uma postura de total equilíbrio emocional, uma hora a máscara cai, e aqui estou eu, com o coração destroçado e sem forças o bastante pra sequer disfarçar.
Me peguei pensando que eu realmente devo ser uma pessoa muito difícil de lidar, muito difícil de ser amada, aliás. Não que seja fácil admitir, só que é mais difícil ainda conviver com essas angústias todas engasgadas aqui. Que Deus me perdoe se for pecado o que vou dizer, mais tantas vezes desejei ter nascido na pele de outra pessoa, mais amável que eu, mais cativante que eu, e até mais bonita, porque não ?! Nem eu sei direito o que to dizendo, sei la, talvez as palavras não caibam no que eu quero dizer, talvez seja preciso algo mais, algo que eu desconheça, assim como desconheço essa mistura de sentimentos que me atormentam todos os dias, assim como desconheço esse rosto manchado de lágrimas que me observa com olhos tristes quando diante do espelho, no que foi que eu me tornei meu Deus ? Até quando vou levar essa dor gritante aqui dentro, até quando continuarei com esse medo covarde de abrir meu coração pra alguém, E será que algum dia vou conseguir sentir aquela sensação de coração limpo e leve pro amor de novo ? Eu espero que sim, como nunca esperei nada na vida.
Eu espero que um dia eu posso olhar nos olhos de alguém sem nenhum receio, e olhando fundo nesse olhar eu não consiga enchergar nada além de amor e que meu olhar também transmita a mesma coisa pra essa pessoa. Quem sabe um dia eu não consiga me deixar perder num abraço protetor e me sinta a pessoa mais querida do mundo. É só isso que eu queria, ser amada, só queria alguém que não quizesse mais ninguém além de mim.. mais talvez isso seja querer demais, talvez eu nem mereça.

sábado, 4 de setembro de 2010






Essa história de que o tempo cura tudo é a coisa mais absurda que já me disseram. Cura nada. Nunca curou. Ele faz com que a gente desloque o que é incurável do centro das nossas vidas, mas seja lá o que tenha nos machucado sempre continuará em um recôndito profundo do nosso ser. A gente pensa que com o passar do tempo a ferida vai doendo com menos intensidade, engano nosso. Dói da mesma maneira, a gente é que se acostuma com ela.
E eu acho que é essa a verdadeira função do tempo, fazer com que a gente consiga conviver hamoniosamente com nossas dores e angústias, pois querendo ou não, elas continuarão vivas dentro de nós e ironicamente falando, a solução é criar uma " relação amigável " com essas feridas cruéis. Mas se tem uma coisa que o tempo não apaga de jeito nenhum são as alegrias da nossa alma. Os prazeres singelos, porém eternos. Um sorriso, um abraço, um beijo, uma palavra e até mesmo uma lágrima de júbilo. Podem passar anos, décadas e mais décadas que a gente não consegue esquecer certas coisas. E tudo aquilo que foi sincero e verdadeiro pode ser revivido com o simples gesto de fechar os olhos e lembrar. E ás vezes, lembrar dói. Tem lembranças que são tão boas que chegam a doer, porque se tem uma coisa que o tempo definitivamente não faz, é trazer de volta aquilo que mais nos fez feliz na vida , mas que por essas razões que a própria razão desconhece, teve que partir..